sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Inclusão na Espiritualidade


Por Jéferson Cristian Guterres de Carvalho


Recebi um desafio de compartilhar neste espaço uma difícil, mas não impossível missão: espiritualidade inclusiva. Sim, digo difícil por que somos hipócritas ao dizer que adoramos um Deus que une os povos e ama a todos e a todas sem distinção de classe social, etnia, sexualidade ou religiosidade, mas continuamos “inundados” em pré-conceitos que atravessaram o tempo desde a era medieval na Europa e vêm em pleno século XXI em uma sociedade que se diz mais politizada e compreensiva. Fico imaginando a indignação de Deus ao enviar seu filho à Terra, entregando seu corpo e sangue por nós para que não maltratássemos o próximo e a próxima, e de repente vemos nos noticiários pessoas assassinadas por falsos movimentos ideológicos porque sua orientação sexual era diferentes destes. Quando penso em espiritualidade, melhor, quando a vivencio em meu dia-a-dia, vejo um mundo onde a felicidade é para todos e todas e onde ninguém critica o modo de pensar ou agir de cada um e cada uma.

Vivemos em um país que foi construído por diversas nacionalidades, tendo uma incrível e bela miscigenação que constitui um povo de múltipla beleza. E, como podemos ter esta riqueza genética em nosso povo e continuar matando uns aos outros, ou umas às outras, por coloração de pele ou modo de agir? Acredito que no início dos tempos, ou melhor, na pré-história, quando o(a) primata que deu origem à primeira espécie humana em nosso planeta, por não ter uma racionalidade como temos nos dias de hoje, provavelmente não compreendia que a ação sexual deveria ser hétero, a deve ter consumado com seres de mesmo sexo, e para eles e elas isso era normal. Temos também exemplos durante nossa história de autoridades políticas gregas, romanas, egípcias, e demais períodos em que se consumava o ato sexual com pessoas do mesmo sexo e não era considerado alguma agressão a moral e bons costumes, valores este criados por uma sociedade, ou melhor, por um governo que temia uma revolta do povo, e que criou certas regras de etiqueta a partir de uma imposição religiosa para que tivessem sempre o controle da situação. É fácil uma religião se utilizar de Deus, ou outro tipo de divindade, para favorecer seus interesses e de seu governo.

A liberdade religiosa deve ser uma dádiva não apenas de poucos, mas de todos, independente de sua orientação sexual, pois conheci um Jesus humano que vivia no meio dos(as) excluídos(as) sentado ao chão, comendo de pão puro e bebendo apenas água em copo de barro sujo, abraçando leprosos, perdoando falsos pecados impostos pela sociedade da época e amando seu próximo e sua próxima. Os templos religiosos não podem mais a renunciar seus fiéis, pois se assim o fizerem, deixarão de ser religiões e serão instituições homofóbicas e preconceituosas. E, digo com toda a veracidade que ao ler e pesquisar sobre as religiões em diferentes continentes para escrever este artigo não encontrei nenhuma DIVINDADE que seja contra a pessoa que tem sua orientação sexual definida: independente se é heterossexual ou se é homossexual, pois conforme a filosofia de cada religião, seita, doutrina ou sociedade, o importante é viver na paz e no amor se beneficiando de suas atitudes mais do que de seus pensamentos.


Sobre o autor


Jéferson Cristian Guterres de Carvalho é vice-presidente do Conselho Municipal de Juventude do município de Canoas – RS; militante da Pastoral da Juventude do Rio Grande do Sul (Vicariato Episcopal de Canoas no grupo de jovens JOCRE); graduando em bacharel em História na Universidade Luterana do Brasil – Campus Canoas; militar da Força Aérea Brasileira; colaborador da Coordenadoria Municipal de Políticas de Diversidade do município de Canoas.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Os gays de Ahmadinejad


Por Paulo Stekel



Não há gays no Irã!” Esta teria sido a frase dita pelo presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, em setembro de 2007, nos EUA, e que desde então tem causado tanto protesto por parte do Movimento LGBT e pelos defensores dos Direitos Humanos. Mas, o que exatamente ele disse na ocasião? Ele disse (ver fonte): “No Irã, nós não temos homossexuais COMO em seu país. No Irã, nós não temos este fenômeno; eu nem sei quem lhes disse que o temos.”

Leiamos as palavras originais (ver fonte): “In Iran we don't have homosexuals like in your country. In Iran we do not have this phenomenon, I don't know who has told you that we have it.”

Fica claro que Ahmadinejad quis dizer que no Irã não há homossexuais “da mesma maneira” (like) que no Ocidente. Ele se referia a toda a visibilidade LGBT ocidental, ao orgulho e à dignidade da pessoa gay, do “ser gay”, algo que, definitivamente, o Irã não possui. Em certa medida, ele disse a verdade: não há gays visíveis, pleiteando direitos e se reunindo em grupos porque são todos assassinados por seu regime totalitário! Assim, os gays lá existentes – e, existem, sim! - estão todos acuados, trancafiados no armário, com medo da morte. Estes são os gays de Ahmadinejad: uma comunidade inteira sem reconhecimento, sem existência, sem cidadania, sem direitos, sem expressão, sem felicidade, mesmo sendo cerca de 10% da sociedade iraniana – neste país de 75 milhões de habitantes, os LGBT são cerca de 7,5 milhões.

Ahmadinejad é conhecido por sua negação do Holocausto judeu, mas promove um verdadeiro holocausto gay – um “homocausto”, nas palavras de Luiz Mott – em seu país. E, bem aos olhos da ONU e das organizações internacionais de defesa dos Direitos Humanos. A coisa é muito mais séria do que se imagina! Fora isso, ele ainda afirma mentirosamente que há direitos humanos no Irã, que seu povo é muito feliz e livre para expressar o que pensa. Balela! O mesmo discurso de outra ditadura, a Chinesa, para ludibriar os organismos internacionais de defesa dos Direitos Humanos.

Mas, ninguém mais se engana! Salvo alguns poucos marxistas-leninistas dinossauros de uma época utópica que ainda defendem regimes como o da China, Cuba e Irã (todos profundamente homofóbicos), a maior parte da humanidade esclarecida percebe a manipulação e a mentira destes regimes. O que há nestes países é ditadura com todas as letras, e os LGBT ali não têm voz nem vez! Não se trata de uma crítica ao Comunismo ou ao Islamismo, mas o reconhecimento de que nestes países nem sequer o regime é comunista ou republicanismo islamita. São governos corruptos e assassinos. O Capitalismo não é melhor, pois a corrupção também é evidente em muitas democracias capitalistas. Não estamos tratando de preferência política, mas de defesa da vida, de defesa da dignidade humana e de direitos LGBT.

Aliás, há poucos dias, em Nova Iorque, durante uma entrevista para a CNN, Ahmadinejad voltou a ser polêmico ao dizer que apoiar gays é coisa de capitalistas de linha dura, que não se importam com os autênticos valores humanos (ver fonte). “Autênticos valores humanos”? Por acaso, nós, gays, não somos seres humanos? Não temos valores? E, valores autênticos? Quanto discurso nazistoide embasado numa visão religiosa medieval e cruel contra as minorias, mulheres e os de fora da fé (os “infieis”)! E, associar apoio à causa LGBT ao Capitalismo é de uma boçalidade sem tamanho. É fazer dos gays um joguete para atingir o regime capitalista ocidental sem se importar com a dignidade das pessoas. É isso que ensina o Islamismo? Tenho certeza de que a imensa maioria da comunidade islâmica brasileira discorda! Tenho todo o respeito pelas religiões em geral, e pelo Islamismo em particular, mas não posso concordar de forma alguma com a redução da dignidade e do valor da vida humana por conta das diversas orientações sexuais possíveis, algo natural, não anormal, já que 10 a 20% da humanidade manifesta desde a terna idade comportamentos não-heteronormativos. Se a quase totalidade dos livros sagrados não percebeu essa naturalidade, devemos aceitar passivamente ou devemos contra-argumentar, buscando a correção do erro, lutando pelo que temos defendido através do Movimento Espiritualidade Inclusiva – a Inclusão?

Ahmadinejad chamou a homossexualidade de comportamento “muito desagradável” e proibido por “todos os profetas de todas as religiões e todas as fés”. Sim, ser gay sempre é muito desagradável para pessoas que guardam preconceitos hediondos. Mas, ele está errado! Nem todas as religiões proibiram as relações homossexuais. As religiões de matriz africana tratam a questão com bastante naturalidade; as diversas escolas budistas, ainda que apresentem situações pontuais de preconceito, não possuem proibições à sexualidade LGBT; as práticas neo-pagãs são mais abertas ao assunto. E, mesmo que todas as religiões proibissem a homossexualidade, não significaria que estivessem corretas. Apenas evidenciaria que a ignorância é geral no meio religioso.

No final, a grande batalha a ser vencida é a conquista do reconhecimento da naturalidade das diversas orientações sexuais possíveis para um ser humano, de modo que isso interfira definitivamente na obtenção da cidadania plena, do direito igualitário e da inclusão no meio religioso-espiritual.

Na mesma entrevista à CNN, Ahmadinejad ridicularizou os políticos que apoiam os LGBT “apenas para ganhar quatro ou cinco votos a mais”. Também os ridicularizamos, mas com outras intenções, pois sabemos que muitos políticos no mundo ocidental – e, no Brasil, há centenas deles – passam anos atacando gays ou se eximindo de apoiá-los, mas em períodos eleitorais surgem do nada como baluartes dos direitos LGBT e da diversidade. Isso, realmente, é deplorável. Devemos aprender a identificá-los, denunciá-los, não votar neles e defenestrá-los de uma vez por todas da política através da mais poderosa arma que temos: o voto!

Para Ahmadinejad, as pessoas “viram homossexuais” e não nascem assim. Não é o que a experiência tem demonstrado. Ora, 100% dos gays e lésbicas nascem de um homem e de uma mulher. A maioria esmagadora destes pais é heterossexual e educa seus filhos com suas referências heterossexuais. Nenhum pai heterossexual educa seu filho para ser homossexual. Então, como 10% da humanidade é homossexual? Todos nós já vimos crianças de tenríssima idade apresentando sinais de uma sexualidade diversa da heterossexual, com uma orientação diferente da maioria dos seus iguais de gênero. E, isso não é incentivado pelos pais heterossexuais. Pelo contrário, frequentemente isso é motivo de agressividade parental para com o filho LGBT.

O que acontece no mundo islâmico, em maior ou menor grau, é um patrulhamento moral intenso das mulheres, das crianças e das pessoas que pareçam não encaixar-se no modelo “santo” pregado pelas escrituras. Isso, em muitos casos, acaba oprimindo as mulheres, inferiorizando-as e causando enorme depressão e infelicidade, por causa do medo constante da falsa acusação de adultério que possa redundar em apedrejamento. As crianças são tratadas como continuadoras de um sistema predeterminado de opressão (masculina) e submissão (feminina). Quem discorda, só tem duas opções: ou foge, ou aguenta as consequências da lei, que consegue forçar a barra mesmo em locais onde a sharia (a lei islâmica) não é oficial.

O que sobra para gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais? A morte certa! A única exceção no Irã é o caso dos transexuais, aos quais se permite uma vida um pouco menos humilhante, uma vez que as cirurgias de adequação de gênero são permitidas naquele país. O motivo disto é muito simples: o machismo fundamentalista iraniano prefere ver um homem “convertendo-se” oficialmente em mulher, passando a obedecer às regras para mulheres (podendo, inclusive, casar-se normalmente com um homem), do que vê-lo continuar um homem fisicamente, e ver este manter relações com outro homem.

Ahmadinejad defendeu hipocritamente em sua entrevista a resolução dos males da humanidade e a promoção da liberdade e dignidade humanas. Mas, declarou que tal liberdade não pode ser aplicada aos homossexuais porque “a homossexualidade cessa a procriação”. Ora essa, quem disse que os LGBT são estéreis???? Mais uma vez o fundamentalismo generalizante tentando amedrontar a humanidade com o “mal gay”.

Ahmadinejad tem tanto medo dos gays de seu país que os nega até a morte... ou antes, os nega PELA pena de morte... E, os clérigos muçulmanos iranianos são os maiores responsáveis por esta chacina chamada de “ordenamento divino”, que tem a capacidade de condenar ao enforcamento meninos de 12 anos acusados de homossexualidade, e cuja única prova é o fato de terem sido encontrados vestindo calções curtos... A bestialidade humana que mata nossas crianças em nome de um Deus – que se existe, deve estar muito irado – aumenta a cada dia neste mundo caótico e tão carente de amor, compreensão, compaixão e aceitação do outro.

Vamos aproveitar para refletir o quanto nós, aqui no Brasil, também estamos sendo cruéis com pessoas por conta de sua orientação sexual, de seu gênero e de sua identidade sexual. O verdadeiro valor da vida humana está sendo esquecido em nome de supostos princípios religiosos arcaicos e medievais, por pessoas de alma embrutecida que se auto-intitulam arautos de Deus, mas que nada mais são que os mensageiros do Mal na Terra...

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Homofobia Internalizada: O câncer que mata o meu Povo


Por Rev. Márcio Retamero (publicado originalmente em http://pastormarcioretamero.blogspot.com.br/2012/09/homofobia-internalizada-o-cancer-que.html)


Tudo nesta vida pode ser usado para o nosso bem ou para o nosso mal. A Rede Social mais famosa usada no mundo não foge à regra.

Foi no Facebook que ontem eu li uma manifestação muito contundente, vinda de um homossexual “cristão inclusivo” que era misoginia e homofobia internalizada 100%! Pura. Puríssima.

Misoginia é a aversão às mulheres ou a tudo o que é feminino, mesmo que essa aversão seja inconsciente. Contudo, ela manifesta-se na rejeição da feminilidade que pode ser expressa, por exemplo, num homossexual masculino cheio de trejeitos, ou seja, a famosa “pintosa” ou numa travesti.

Nossa sociedade é patriarcal e machista. Não é preciso ir muito longe para estarmos cientes disto. Basta lermos os jornais de todos os dias, assistirmos aos canais de televisão, ouvirmos as rádios ou acompanhar online as notícias. Podemos nos aprofundar e comparar o “valor de mercado” do homem e da mulher, muitas vezes na mesma área do conhecimento ou categoria trabalhista.

Geralmente, encontramos a homofobia internalizada nos/nas homossexuais egodistônicos (as), ou seja, aqueles e aquelas que ainda não se respeitam, não se amam e detestam sua orientação sexual. Homofobia Internalizada é acompanhada pela misoginia e pelo machismo e patriarcalismo.

A Homofobia Internalizada, num certo grau, atinge a todos e todas homossexuais, posto que, desde crianças, como diz Rubem Alves, a sociedade e a família, escrevem em nossos corpos, mentes e corações, suas falácias, preconceitos e todo tipo de injustiça e má interpretação da vida. Crescemos ouvindo que “azul é cor de homem; rosa, de mulher”; que “homem não chora”; que lugar de mulher é na cozinha ou é a auxiliadora do homem; inúmeras vezes presenciamos mães machistas, escravas do patriarcalismo ensinando as suas filhas a esconderem “as pererecas e não tocá-las”, enquanto ensinam aos meninos a botar o piru pra fora, mijar na rua e até mesmo acariciá-lo. Sim, eu fui criado assim!

A Homofobia Internalizada para ser curada é um longo processo, pois arrancar todo este lixo de dentro dos nossos corpos, mentes e corações, é doloroso e exige esforço para querermos nos libertar disso através da via do conhecimento. Portanto, aqui, ler, estudar é imprescindível. Contudo, tal qual os tóxicos-dependentes, é preciso querer, em primeiro lugar, ser liberto desse câncer que tem matado tantos e tantas homossexuais chamada “homofobia internalizada”.

Este câncer nos leva a rejeitar as “bichas pintosas”, as travestis, as transexuais, as “caminhoneiras”... e por aí vai... Leva-nos a querer enquadrar essa gente dentro do que chamamos de heteronormatividade, ou seja, o padrão social vigente: homem se comportando, sendo, vestindo, andando e falando como homem (ainda que gay) e mulher a mesma coisa (ainda que lésbica). A homofobia internalizada exclui, maltrata e faz das e dos homossexuais que não seguem a heteronormatividade alvos de preconceito até mesmo pelos seus pares homossexuais. Quando alguma “bicha pintosa” ou “sapatão caminhoneira” leva uma surra na rua dos homofóbicos ou quando atacados por lâmpadas na Avenida Paulista, as pessoas que sofrem de homofobia internalizada reproduzem o senso comum imbecil de culpar as vítimas, pois “mereceram”, “desrespeitaram a sociedade”, “se comportaram mal”.

A homofobia internalizada diz que a travesti é uma aberração, um monstro, pois não precisa um homem colocar peito, deixar crescer os cabelos, tomar hormônios femininos e falar igual a mulher. Logo, se a travesti é violentada na rua, vítima da homofobia social e religiosa, ela “mereceu”, pois para ser gay, não é preciso “se montar”.

Transexuais são alvos também dos que sofrem de homofobia internalizada; pois os que sofrem deste câncer dizem que é um absurdo um homem “extirpar o pênis” e a mulher “fazer crescer um pênis e arrancar os peitos”!

A homofobia internalizada divide a comunidade LGBT. Desune. Traz o sentimento de não pertencimento e joga à margem e às sombras, portanto, ao perigo dos homofóbicos que matam, as pessoas doentes deste câncer. Politicamente, a homofobia internalizada coloca o sujeito doente deste câncer contra os objetivos do Movimento Gay como o casamento civil igualitário e o PLC 122, que coíbe a manifestação homofóbica.

A homofobia internalizada leva gays e lésbicas cristãos a frequentarem igrejas convencionais na surdina, igrejas que não os aceitam, mas estão prontas e abertas para receberem seus fartos dízimos e ofertas. Tais igrejas fingem que não veem que entre eles existe uma lésbica, um gay, posto que estes se vestem como meninos e meninas “normais”, enquanto aguardam e oram para que sejam curados da “doença do homossexualismo (sic)”.

Lamentável é quando lemos as coisas que eu li ontem no Facebook, vindo de um homossexual membro de uma igreja dita inclusiva, ou seja, de uma igreja onde a homofobia internalizada deveria ser trabalhada a fim de ser exorcizada dos corpos e mentes destes doentes. Uma igreja que aceita calada manifestações homofóbicas vindas de homossexuais, não pode ser considerada inclusiva, mas, no mínimo, uma igreja gay heteronormatizada, ou seja, uma coisa que não presta serviço algum à inclusão, à libertação da pessoa homossexual cristã.

Devemos, em primeiro lugar, exercer o dom da misericórdia, do amor, da longanimidade e do perdão para com as pessoas homossexuais que sofrem do câncer da homofobia internalizada, mas não podemos parar por aí. Líderes eclesiásticos das igrejas ditas inclusivas devem trabalhar, em momentos oportunos, seja na escola dominical, seja em encontros e palestras o tema. É necessário, por exemplo, a ajuda profissional de psicólogos e psiquiatras; a leitura de textos sobre o assunto; as trocas de experiências como numa “terapia de grupo”, além de exibição de filmes como “Meninos não choram” e debates acerca desses filmes. Acima de tudo, a oração pela libertação e cura deste câncer chamado homofobia internalizada que atinge nosso povo.

Finalizando, não basta ser uma igreja que aceita homossexuais e que os/as enquadram na heteronormatividade para ser chamada de “igreja inclusiva”. Isso não é ser igreja inclusiva, mas igreja gay heteronormativa, uma “cangalhice” que reproduz o que temos de pior na nossa sociedade, que não liberta a pessoa homossexual, mas só reforça seus preconceitos inúteis, além de letais posturas.

Minha oração e desejo é que todas as igrejas que aceitam homossexuais abertamente trabalhem seriamente os corpos, mentes e corações das pessoas cancerosas da homofobia internalizada, libertando-as e curando-as, tornando-se assim, lugares seguros e saudáveis de adoração ao Senhor Uno e Trino, promovendo o Evangelho da Inclusão, sendo RADICALMENTE Inclusiva, como acontece, pela graça de Deus, nas Igrejas da Comunidade Metropolitana nos quatro cantos da Terra. Se assim não for, tais comunidades de fé não passarão de “igrejas gays heteronormativas”, lugar de gente doente, lugar de não libertação, lugar de exclusão, enfim, inferno existencial.


Deus nos abençoe e nos cure da homofobia internalizada todos os dias! Amém.


Sobre o autor


Márcio Retamero, 36 anos, é pastor da Comunidade Betel/ICM -RJ e da Igreja Presbiteriana da Praia de Botafogo. As reuniões ocorrem na Praia de Botafogo, nº 430, 2º andar, próximo ao Botafogo Praia Shopping e à estação Botafogo do Metrô Rio. E-mail: revretamero@betelrj.com

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

[Evento] Participe do Primeiro Grupo de Encontro em Porto Alegre – RS


Por Espiritualidade Inclusiva


Um convite a toda a comunidade LGBT e simpatizantes da região metropolitana de Porto Alegre!

A primeira reunião do Grupo de Encontro do Movimento Espiritualidade Inclusiva em Porto Alegre – RS, ocorrerá no próximo dia 25 de setembro, uma terça-feira, a partir das 19h30min. O local será o auditório do Instituto Equilibrium (R. Coronel Vicente, 382 – sobreloja – sala 05 – centro), mais recente parceiro do Movimento.

Este reunião não será apenas a reunião de Porto Alegre, mas uma reunião estadual, pois estão sendo convidados interessados de toda a região metropolitana de Porto Alegre e de outras cidades do RS.

Esta primeira reunião será conduzida por Paulo Stekel, coordenador geral do Movimento, e terá a seguinte pauta:
  • Apresentação do Movimento Espiritualidade Inclusiva;
  • Apresentação dos presentes e/ou entidade que representam;
  • Compartilhamento de experiências sobre homofobia e inclusividade;
  • Apresentação da camiseta oficial do Movimento;
  • Definição de propostas específicas de ação para Porto Alegre e RS;
  • Formação do núcleo de representantes do Grupo de Encontro de Porto Alegre;
  • Assuntos gerais propostos;
  • Considerações finais.
Todos são convidados: LGBTs, simpatizantes, representantes de ONGs, religiosos em geral, ativistas, coordenadores de diversidade municipais e estaduais, espiritualistas, terapeutas holísticos, assistentes sociais e defensores dos direitos humanos.

Aproveite para encomendar sua camiseta com a logomarca oficial do Movimento Espiritualidade Inclusiva (clique aqui para ler os detalhes da promoção de lançamento, tamanhos e valores).

Então, agende-se:

Reunião do Grupo de Encontro do Movimento Espiritualidade Inclusiva de Porto Alegre, em parceria com o Instituto Equilibrium (http://equilibriumsite.com.br).

Horário: 19h30min

Local: Rua Coronel Vicente, 382 – sobreloja – sala 05 – centro – Porto Alegre – RS

Informações: (51) 9217-5164 (Stekel) e (51) 3084-5225 (Alexandre)


IMPORTANTE: A participação nos Grupos de Encontro é totalmente gratuita, livre e espontânea. Todos têm direito a voz. O Movimento é suprapartidário e defende a inclusividade em todas as religiões, sem apoiar apenas uma em detrimento das demais. Religiosos e ateus humanistas são bem vindos, bem como todos os que desejam contribuir para um Brasil sem homofobia.

Se você quer saber mais sobre o Movimento Espiritualidade Inclusiva, leia o texto abaixo e, se sentir afinidade, participe da reunião do dia 25:


O Movimento Espiritualidade Inclusiva possui 2 objetivos principais:

1º – Enfrentamento, crítica e denúncia da homofobia em geral e da homofobia religiosa em especial, por entender que a “demonização” do outro por conta de sua religião, sexo, gênero, raça ou orientação sexual é inadmissível num país laico que aceite a Declaração Universal dos Direitos do Homem;

2º – Enaltecimento, visibilidade e apoio às ações inclusivas advindas do meio religioso-espiritual, sejam as advindas de religiões/espiritualidade consideradas inclusivas, sejam ações pontuais advindas de religiões historicamente homofóbicas.


O trabalho dos Grupos de Encontro do Movimento se baseia em 5 propostas: Inclusividade ou inclusão (Inclusão dos LGBT em todas as áreas da sociedade em condições de igualdade, em especial no meio religioso e espiritual); Combate à Homofobia (especialmente a homofobia religiosa); Formação do Cidadão LGBT (um cidadão LGBT consciente de seu lugar no mundo saberá lutar por seus direitos com muito mais propriedade); Movimento LGBT Amplo (Crítica, auto-crítica e afinação do discurso sempre que possível e lógico no que concerne às deliberações do que chamamos de Movimento LGBT amplo nacional e internacional); Cultura LGBT (a Cultura LGBT é a cultura comum partilhada por lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros. Ela varia, naturalmente, de acordo com o espaço geográfico e a identidade do indivíduo em questão, no entanto, há certos elementos que são encontrados na maioria das comunidades LGBT).

Quanto ao mecanismo de ação, os Grupos de Encontro sempre consideram as 3 atividades principais a ser desenvolvidas dentro e fora das reuniões:

1ª – Produção de material teórico para efeitos práticos: artigos, debates, ensaios,teses, etc. Tudo isso deve ser compartilhado em nosso blogue oficial para acesso de toda a sociedade e para melhorar a argumentação da comunidade LGBT. Todos aqueles que possuem o dom da palavra e da escrita são chamados a contribuir com o movimento.

2ª –Compartilhamento de experiências a respeito de inclusão, homofobia, descobrir-se LGBT, assumir-se, anseios espirituais, etc. Este compartilhamento pode ocorrer por escrito e publicado no blogue oficial na forma de relato e também durante as reuniões dos Grupos de Encontro, seminários municipais, regionais ou estaduais e outros eventos que venham a ser organizados.

3ª – Ações próprias ou em caráter de apoio do tipo organização de ou participação em palestras, seminários, encontros, intervenções, protestos, passeatas, auxílio a LGBTs em situação de perigo ou conflito de natureza religiosa, engajamento em políticas públicas ou campanhas do terceiro setor (ONGs LGBTs ou não) que tenham afinidade com as propostas do movimento, etc.



Camiseta oficial do Movimento Espiritualidade Inclusiva

Por Espiritualidade Inclusiva


No dia 25 de setembro será lançada em nível nacional a camiseta oficial do Movimento Espiritualidade Inclusiva. Nas cores preta e branca e nos tamanhos M e G, a camiseta terá como preço de lançamento apenas R$ 30,00 (+ R$ 05,00 de correios para qualquer lugar do Brasil).

Você já pode fazer seu pedido antecipado solicitando maiores informações pelo email espiritualidadeinclusiva@gmail.com


sábado, 1 de setembro de 2012

[Notícia] Atividades do Movimento Espiritualidade Inclusiva no Piauí


Por Espiritualidade Inclusiva


O jornalista e coordenador do Movimento Espiritualidade Inclusiva (MEI), Paulo Stekel (Canoas – RS), apresentou a palestra “Saúde Espiritual da Pessoa LGBT através da Inclusão”, como parte das atividades da 8ª Semana do Orgulho de Ser, promovida pelo Grupo Matizes*, em Teresina - Piauí. A atividade ocorreu em 28/08, às 20h, no auditório da Faculdade Santo Agostinho.

A presença do Movimento Espiritualidade Inclusiva em Teresina, através de seu coordenador geral, foi um convite do Grupo Matizes, entidade reconhecidamente importante no trabalho de conscientização, promoção da dignidade e na luta pelos direitos LGBT no Piauí. É um grupo que não se deixa influenciar por forças políticas e mantém sua independência e neutralidade com muita veemência, algo que o Movimento Espiritualidade Inclusiva também tem como princípio.

O público que compareceu à palestra de Stekel foi muito participativo. O tema apresentado é uma novidade no Brasil, e foi apresentado pela primeira vez, sendo Teresina a cidade agraciada. A noção de Saúde Espiritual é bastante recente, e quando aplicada à Saúde Espiritual da comunidade LGBT, é mais recente ainda. O Movimento Espiritualidade Inclusiva tem por objetivo introduzir este tema com mais aprofundamento em nosso país. Confira aqui o arquivo com as principais ideias apresentadas na palestra.

Na abertura da palestra, Stekel cantou o seu single "Iguais", uma música com temática LGBT. Assista o clipe abaixo:



No dia 29/08, Stekel participou da Carreata da Diversidade pelas ruas do centro de Teresina. A carreata encerrou junto ao local onde depois se realizou o Show Boca da Noite “O mar de Teresina fica no céu da boca das meninas”, no Espaço Osório Jr. O show foi uma homenagem aos 160 anos de Teresina, no Dia da Visibilidade Lésbica.

Deixamos nossos agradecimentos ao Grupo Matizes, em especial a Herbert Medeiros e Marinalva Santana, que foram ótimos anfitriões.

Confira algumas fotos das atividades em Teresina:



























* O Grupo Matizes é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, cuja missão principal é a defesa dos direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros. Foi fundado em 18 de maio de 2002 e tem sua sede em Teresina, Piauí.